Não
é difícil perceber porque em muitos países os alfaiates, insectos
que flutuam sobre a água, são conhecidos por insectos Jesus ou
patinadores, mas não é tão clara a forma como o conseguem fazer,
especialmente em águas turbulentas. Até agora!
Observando
estes insectos com a ajuda de potentes microscópios,
investigadores chineses descobriram que as patas dos alfaiates
apresentam milhares de pêlos minúsculos. Com cerca de 50
micrómetros de comprimento, os pêlos estão cobertos de sulcos, que
aprisionam ar e aumentam a flutuabilidade do insecto.
"Um
valor normal de hidrofobia (repulsão à água) pode ser suficiente
para os sustentar em repouso sobre a água", diz Lei Jiang,
investigador da Academia Chinesa das Ciências de Beijing e
co-autor do estudo a publicar na revista Nature.
"No
entanto, pequenas perturbações podem quebrar esse equilíbrio. Mas
a almofada de ar criada na interface pata/água permite-lhes,
ainda assim, deslocar-se rapidamente e de forma estável sobre a
superfície da água. Mesmo quando está a chover ou há outro tipo de
perturbação da superfície."
Jiang
salienta que outro tipo de estruturas fazem exactamente a mesma
função, como as penas de um pato. No entanto, na sua maioria são
muito menos eficientes na criação desta super hidrofobia,
considera ele.
Muito comuns em lagos e rios, os alfaiates Gerris remigis
são considerados o insecto mais evoluído, dos que vivem em
volta de água. Medem cerca de um centímetro de comprimento e têm
dois pares de longas patas que usam para se deslocar sobre água
e um par de patas menores, frontais, que utilizam para capturar
presas.
As
patas peludas do alfaiate ajudam a mante-lo à superfície, pois a
combinação de pêlos e ar aprisionado nos pêlos tem uma tal
capacidade de resistência à água que as suas patas podem criar um
afundamento de 4 mm na superfície da água, sem quebrar a tensão
superficial.
As
patas hidrófobas deslocam cerca de 300 vezes o seu próprio
volume, o segredo para a incrível flutuabilidade do insecto.
Jiang e o colega Xuefeng Gao descobriram que as patas dos
alfaiates podem suportar 15 vezes o peso do insecto sem se
afundarem. Este
excesso de flutuabilidade permite ao animal saltar sobre a
superfície da água e evita que se afogue durante uma chuvada.
A
mesma capacidade também lhes permite patinar a grande
velocidade sobre a água em busca de presas, velocidade essa que
atinge 100 comprimentos de corpo por segundo, ou seja, o
equivalente humano a deslocarmo-nos a 644 Km/h. Os
investigadores consideram que os alfaiates não só se deslocam
depressa, como vão muito longe sobre a água. Alguns destes insectos
já atravessaram centenas de quilómetros de calmos oceanos
tropicais.
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